Vamos celebrar!!!

Ok, ok… você pode até não gostar de Oswaldo Montenegro… mas ainda assim a música é muito legal e só confirma a veia poeta do cantor. Tirando o cachimbo da paz, eu também gosto de tudo aquilo lá…

Eu gosto de andar pela rua
bater papo, de lua e de amigo engraçado

Eu gosto do estilo do Zorro
o visual lá do morro e de abraço apertado

Eu gosto mais de bicho com asa
mais de ficar em casa e mais de tênis usado

Eu gosto do volume, do perfume
do ciúme, do desvelo e do cabelo enrolado

Eu gosto de artistas diversos
de crianças de berço e do som do atchim

Eu gosto de trem fora do trilho
de andar com meu filho e da cor do marfim

Tem gente, muita gente que eu gosto
que eu quase aposto que não gosta de mim

Eu gosto é de cantar!!!
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar

Eu gosto de artista circense
de astista que pense e de artista voraz

Eu gosto de olhar pra frente
de amar pra sempre o que fica pra trás

Eu gosto de quem sempre acredita
a violência é maldita e já foi longe demais

Eu gosto do repique do atabaque
do alambique badulaque do cachimbo da paz

Eu gosto de inventar melodia
da palavra poesia e de palavra com til

Eu gosto é de beijo na boca
de cantora bem rouca e de morar no Brasil

Eu gosto assim do canto do povo
e de tudo que é novo e do que a gente já viu

Eu gosto é de cantar!!!
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar

Eu gosto de atores que choram ali por nós
e namoram ali por nós na TV

Eu gosto assim de quem é eterno
de quem é moderno e de quem não quer ser

Eu gosto de varar madrugada
de quem conta piada e não consegue entender

Eu gosto da risada gargalhada
da beleza recriada pra que eu possa rever

Eu gosto de quem quer dar ajuda
e acredita que muda o que não anda legal

Eu gosto de quem grita no morro
que a alegria é socorro e que miséria é fatal

Eu gosto do começo do avesso
do tropeço do bebum que dança no carnaval

Eu gosto é de cantar!!!
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar

Eu gosto é de ver coisa rara
a verdade na cara é do que gosto mais

Eu gosto porque assim vale a pena
a nossa vida é pequena e tá guardada em cristais

Eu gosto é que Deus cante em tudo
e que não fique mudo morto em mil catedrais

Eu gosto é de cantar!!!
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar… Vamos celebrar

Do avesso

Uma amiga se espantou ao perceber que eu estava usando um colete do avesso. É que eu gosto mais do forro do que a estampa de fora, ora bolas…

Na realidade, usar roupa do avesso não é um problema. Nem roupa ao contrário. Também não é problema usar a camisa do seu pai como saia ou a saia de tule como um top espalhafatoso. O que te der na telha fazer com sua roupinha, caro amigo: FAÇA. 

Um maquiador muito sábio uma vez disse num programa de tv, no momento não me recordo do nome do maquiador e nem do programa de tv, mas suas palavras foram essas: “Use sua maquiagem como bem entender para compor seu visual. Você pode sim usar seu blush como sombra, seu batom como blush, sua sombra como batom e o que mais você quiser. É como pintar uma tela e essas são suas tintas. Não há restrições, seja criativo.”

Eu penso sempre nessa frase quando vou me maquiar. E penso mais ainda quando vou me vestir. É tudo lúdico, é tudo parte de uma composição maior. E ainda dizem que moda e arte não tem nada a ver, né?… Faça algo diferente hoje: vire a camiseta do avesso (claro, uma camiseta que tenha um avesso interessante de se ver!) e saia na rua sem medo de ser lindamente feliz!

“Camisa do papai que virou saia com apenas algumas amarrações básicas”, tirada do The Sartorialist.

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Raio-X da Bolsa

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Incrível a quantidade de lixo que eu carrego comigo. Cheguei à conclusão de que sou um lixo ambulante. Ou era, até cinco minutos atrás. Depois de ver um post-lista da minha querida amiga Pri sobre sua escrivaninha superlotada, comecei a olhar ao meu redor. A minha escrivaninha é superlotada ao cubo. Nem ouso listar as coisas que estão lá. Aliás, ainda não tive coragem suficiente para arrumá-la. Sabe como é esse negócio de bagunça, né? Se mexer muito, pode ficar ainda pior.

Uma coisa que necessitava séria arrumação é minha “bolsa de bater”. A bolsona preta básica que carrego pra cima e pra baixo de uns tempos pra cá. Não é a bolsa mais bonita, nem a menorzinha. É imensa e perfeita pra carregar todo o necessário, mais aquele livro para as horas de ócio e até uma garrafa de água. Mas, infelizmente, eu não sou uma pessoa organizada (isso definitivamente ainda vai ter que mudar um dia…), então minha pobre bolsa acaba sobrecarregada de inutilidades em meio à pressa do dia-a-dia. Hoje foi o dia de dar aquela arrumada. Aproveitei a oportunidade, coloquei o álbum Lovesexy do Prince como minha trilha sonora e comecei as escavações. Ainda listei tudo o que tinha dentro. Cada coisa, que só vendo…

– 2 batons;

– 5 lipgloss (tipos, cores e sabores diferentes);

– 1 bisnaga de protetor solar FPS 15 (vazio, consegui arrancar o último restinho ontem e agora foi pro lixo);

– 3 elásticos de cabelo (2 deles arrebentados);

– Minha carteira;

– Algumas notas de dinheiro soltas pela bolsa (deve ser por isso que nunca acho dinheiro na carteira…);

– 10 reais em moedas que estavam perdidos por dentro da bolsa por causa de um furo no forro (E eu sempre precisando de moeda e troco pra pagar estacionamento de shopping, mas NUNCA achava as moedas que eu jogava na bolsa!);

– 2 pacotes de lenço vazios;

– Um monte de lenços usados que eu não tinha onde jogar e guardei na bolsa para jogar no lixo apropriado mais tarde. O que não aconteceu, somente hoje;

– 1 anotação feita durante a Mostra Internacional de Teatro;

– O cartão de visita do salão da minha “hair stylist”! Ui! hehehe…

– 1 papelzinho com o endereço de um amigo;

– Outro papelzinho com o endereço da casa da produtora de um curta do qual participei;

– A programação completa das exposições de arte na cidade (de três semanas atrás);

– Um bloquinho de notas com alguns desenhos e meia poesia feita;

– 4 pacotes vazios de chiclete e 1 de bala;

– Cartões de visita de alguns brechós e lojas de fantasia e figurino;

– O folder da clínica de estética onde trabalha minha manicure favorita;

– 1 recibo;

– 5 cartões postais que peguei numa galeria (Eu coleciono postais. Aliás, um dos cartões tem uma poesia pornô!);

– 1 case de cd roxinho (e vazio. onde estará o cd?)

– 1 folheto da minha antiga facul.

– Parte do meu chaveiro/cartão fidelidade da FARM Rio, quebrado;

– 8 alfinetes de segurança (nem pergunte…);

– Cópias de letras de músicas da banda de uns amigos;

– 2 entradas de cinema para os filmes “Shrek Terceiro” e “O Ex namorado da minha mulher” (Ambos decepcionantes);

– Um bilhete de avião, de quando fui para o Rio no fim de julho;

– Uma fatura de loja de departamento e um comprovante de pagamento da mesma;

– 3 comprovantes de depósitos;

– 22 notas fiscais das coisas mais variadas possíveis;

– 1 botão de uma bermuda jeans que caiu durante um acampamento e eu prometi a mim mesma que ia colocar de volta. Acabou que eu nunca mais quis usar a bermuda. Vai continuar sem botão.

– 1 pedra (!). Eu sei, é estranho, mas é uma pedrinha linda de rio, transparente quase, de uma época em que eu cheguei a colecionar algumas pedrinhas. Mas hoje é completamente inútil e eu não faço idéia de como isso veio parar na minha bolsa…

– Meu cartão Funclube Imaginarium (mais um item que hoje voltou para a carteira);

– Talão de cheque;

– Minha identidade (pra que serve mesmo a bendita carteira??)

– Meus óculos de sol;

– Espelhinho;

– E 1 caneta (que eu nunca encontro quando preciso).

Acabou! Isso porque muitos dos itens eu já havia tirado durante a semana (como carregador de pilhas da câmera digital, perfumes, etc…). Minha bolsa é como a minha vida: está uma bagunça, mas ainda há esperança, com um pouquinho de esforço que se faça para reorganizá-la.

Drummond

Para causar arrepios, lágrimas, reflexões… Nada mais pode causar tantas viagens sensoriais quanto a poesia. E nisso, Drummond é especialista.

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Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

 

O chão é cama

O chão é cama para o amor urgente
amor que não espera ir para a cama.
Sobre o tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.

 

Poema da necessidade

É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.

Momento fashion de sessão da tarde

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Fashion e Trashy ao mesmo tempo?!! Só poderia ser um filme oitentista! Tudo bem, esse filme foi lançado em 1990, mas pode sim ser considerado um oitentista, já que foi filmado em boa parte durante o final da década de 80. Um cláááássico da Sessão da Tarde, é tão ruim que é bom. Sob o título em português de “Vivendo um conto de fadas”, o filme Stroke of Midnight (também conhecido por If the shoe fits) é uma adaptação modernosa do conto de fadas mais batido de todos os tempos: Cinderela.

Sim, e apesar de existirem umas trezentas adaptações cinematográficas da história de Cinderela (incluindo algumas pérolas como Uma Linda Mulher e Para Sempre Cinderela), essa versão do pouco conhecido diretor televisivo Tom Clegg inova ao mergulhar o conto de fadas no mundinho da moda, mais exatamente no epicentro fashion do globo: Paris.

Então a história fica assim: A Cinderela é Kelly Carter, uma camareira de desfiles durante o dia e uma talentosa aspirante a designer de sapatos durante a noite. Apesar de trabalhar para o estilista mais hype do momento, a mocinha nunca conseguiu mostrar seu trabalho para ninguém, até que uma misteriosa mulher cruza seu caminho e acrescenta poderes mágicos a uma de suas criações, um sapato que obviamente não é de cristal. Toda vez que Kelly calça o sapato, ela vira uma beldade sensacional. Na verdade, é só uma questão de um pouco de maquiagem e gel no cabelo, mas… vocês sabem, filme é filme! Use sua imaginação, é só entretenimento mesmo.

Quem faz o papel da gata borralheira Kelly Carter é Jennifer Grey, a eterna Baby de Dirty Dancing e a chata irmã mais velha de Ferris Bueller em Curtindo a vida adoidado. Jennifer exala carisma como em todos os seus filmes, o que torna nossa empatia pela mocinha quase que instantânea. Mas isso também não quer dizer que sua atuação seja digna de Oscar, obviamente.

Já o nosso príncipe encantado não poderia ser mais perfeito: Rob Lowe, jovem e lindo (!!!), interpretando o poderoso Francesco Salvitore. Sua atuação exagerada e canastrona poderia ser um problema, mas não chega a atrapalhar. Pelo contrário, acho até que ajuda na atmosfera caricata do filme. E a escolha não poderia ser mais acertada para um conto de fadas: um homem liiiiiiindo, riquíssimo, dono da grife mais quente do momento em Paris, que entende tudo de roupas femininas e ainda é hétero? Só poderia ser o Príncipe Encantado mesmo. Realmente, não poderia haver personificação moderna melhor para um príncipe encantado do que um poderoso designer de moda.

E assim o filme funciona super bem, como o que se propõe a ser: uma comédia romântica (mais comédia do que romântica) cheia de figurinos extravagantes. Justo aqueles figurinos que nos fazem morrer de vergonha dos anos 80, mas também justo aqueles que fazem do lixo oitentista pérolas cinematográficas, perfeitas para a boa e velha sessão da tarde.

Clique na imagem abaixo para conferir o trailer do filme.

Ps.: E por falar em Jennifer Grey, só muito recentemente fiquei sabendo que a atriz resolveu fazer uma plástica no nariz em 1989, o que não deu muito certo e ela teve que fazer outra em 1992. Depois da segunda plástica, Jennifer ficou completamente irreconhecível. Dizem as más línguas que foi isso que acabou com a carreira da moça. Afinal de contas, você diria que esta moça é a Baby???

As agruras do vestir-se

Olha que coisa interessante: Você sempre vai achar que o ato de vestir-se é uma coisa simples e descomplicada, até que você seja um figurinista (ou entusiasta aspirante à figurinista, como no meu caso). Claro que nós mulheres também somos experts em transformar uma tarefinha à princípio descomplicada em algo faraônico impossível de se concluir em menos de duas horas. Mas se já é complicado vestir a si próprio, faça as contas e multiplique o resultado quando se tem que vestir outras pessoas além de si. Idealizar o outfit de alugém pode ser um exercício criativo delicioso para aqueles cujas mentes foram idealizadas especialmente para o ofício de personal stylist.

Um amigo me disse há uns dois dias atrás: “Mas me conta, qual é o mistério realmente? Qual é o problema com vocês mulheres? Pois a roupa é só pra cobrir o corpo mesmo, porque tanta dificuldade para escolher uma roupa?”

Verdade, a roupa é para cobrir o corpo. Mas se fosse só para isso, ainda estaríamos usando pele de animais para cobrir nossos corpos. Meu caro amigo indignado com a epopéia feminina na hora de se vestir esqueceu de uma função importantíssima da roupa: A função de Adorno. Sim, eu diria que essa é a função mais importante da roupa na atual sociedade, e é justamente essa função que move toda a indústria de moda. Afinal de contas, temos roupas o suficiente para não sairmos pelados na rua, mas ainda sim estamos sempre comprando mais. Óbvio que a roupa se desgasta e eventualmente temos que comprar outras, mas isso não ocorre em velocidade proporcional ao que usualmente compramos. Em outras palavras, isso poderia se resumir na resposta que dei ao meu amigo: “É tudo uma questão de ficar bonita!” E, para ficarmos bonitas, se exige um pouco mais de esforço na hora de escolher a roupa.

Se já é complicado ter que escolher um look na hora em que estamos nos arrumando para sair, imagine compor looks para algumas dúzias de pessoas? Mas se torna uma tarefa divertida à medida em que você se acostuma com o fato de que é você quem manda no negócio e pode soltar a franga da imaginação. Isso é que é viagem sensorial. Não precisa perguntar pro seu cliente se ele gostou, porque ele só está lá fazendo o papel dele (vestir-se e atuar) e ponto final. Claro, o ofício exige muito mais pesquisa e suor do que aparenta. É claro também que eventualmente alguém vai ter que aprovar toda a sua loucura figurinística, seja para um filme, televisão ou teatro. Mas até lá, você já vai ter se divertido horrores, se sentindo uma Patricia Fields da vida. Ser figurinista é um barato. Mas, infelizmente, isso não nos isenta do mal comum feminino: parar em frente ao guarda-roupa e soltar aquela máxima: “Ai, não tenho nada pra vestir hoje!”

Pão com manteiga à espanhola

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Se você curte uma feirinha de moda, pode apostar que você não é o único. Existe uma legião de pessoas espalhadas pelos quatro cantos da terra que sentem o maior prazer em comprar roupa fora de uma loja certinha, mais especificamente, no meio de um monte de stands, araras e gente para todo lado. Ou seja, uma feira. Se aqui em Brasília as feiras de moda fazem um sucesso descomunal, lá fora a coisa não é muito diferente. Na verdade, comprar roupa fora de uma loja não é o grande barato. A coisa funciona como em um salão do automóvel: você sempre fica doido pra ir, e nunca vai para comprar carro nenhum (a não ser que você esteja assim cheio da grana…).

Uma das feiras de moda mais legais da atualidade é a européia Bread & Butter (pão e manteiga), uma super feira que acontece em Barcelona (a feira cessou suas atividades em Berlim recentemente), num concentrado do que há de mais vanguarda na moda européia a cada estação. É uma loucura daquelas. Mas não é uma simples feira. Se posso chamar realmente de feira, é uma feira de luxo. É mais um salão de moda, uma mega exposição, um apanhado de tendências e espaço ideal para a mostra de novos talentos da moda espanhola e européia. É um monte de coisas ao mesmo tempo, pra ser mais justa.

Uma das minhas pretensões do ano que vem, que somente se realizará caso eu realize a primeira pretensão de botar o pé na estrada, é visitar a Bread & Butter em Barcelona. Na realidade, nem é justo que eu compare uma feira da proporção da BBB (não é big brother brasil, é bread & butter barcelona, tá? sem confusões, please!) com feiras de moda menores daqui das nossas deliciosas terras tupiniquins. O negócio lá já acontece tem algum tempo e atrai uma média de 90.000 visitantes estrangeiros para a terrinha catalã. Isso sem falar da espanholada que comparece em massa, antenadinhos que só eles. E como moda envolve muito mais atualmente do que somente roupas e acessórios, o caráter experimental em design, artes e música se sobrassai cada vez mais com sucesso.

Fé em Deus e muita coragem, que ano que vem as fotos para ilustrar o post sairão da minha câmera, ok?

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