“Vocês vão casar?!! Ah, mal posso esperar pra ver você de noiva! Me manda o convite, hein?” Você que está noiva (ou noivo) com certeza já ouviu algo do gênero. Falar sobre o auto-convite, ou seja, sobre aquela pessoa que se convida pro casório, é bem complicado, na verdade. E é complicado porque acontece nas melhores famílias, envolvendo pessoas bacanas (ou não) de ambos os lados da história.
Quando eu fiquei noiva, deu aquela vontade de sair gritando pro mundo inteiro sobre a minha nova condição! Às vezes a gente consegue segurar o impulso de publicar um milhão de fotos das alianças e do noivado no Orkut, Facebook e o escambal (farofadas à parte), mas nem sempre dá pra se segurar e a gente acaba espalhando a notícia pra qualquer um. Sério, a felicidade deixa a gente meio desregulado. Cuide para não espalhar pela vizinhança, porque mesmo sendo a rainha da discrição sobre o assunto, seu sonho de um casamento menor e mais íntimo (o que é meu caso) pode sair pela culatra. É o verdadeiro tiro no pé, pois afinal de contas, foi você quem espalhou a notícia.
Como lidar com auto-convites? Eu já li vários textos em blogs para noivas, e confesso que mesmo absorvendo cada letrinha e tentando adapta-las à minha realidade, eu continuo passando pelo mesmo problema, vez após vez. Estou começando a chegar à conclusão de que o auto-convite não tem solução! Se alguém souber de uma maneira fina e educada de dispensar o autor do auto-convite, por favor, me avise.
O fato é que isso acontece mesmo nas melhores famílias. Pode ser que muita gente descarada que nem faz parte da sua vida se convide só pra festejar. Vamos ser francos, tem gente que não perde uma boca livre. Mas nem sempre quem se auto-convida é uma pessoa completamente sem-noção. Algumas vezes o auto-convite parte de alguém querido de verdade, alguém de quem você gosta e que gosta de você e simplesmente quer te ver casar ou acredita que com certeza você vai convidá-lo. É legal se sentir querido, mas isso geralmente gera uma culpa tão grande na gente que acabamos convidando o fulano que gosta de nós só por causa disso, pra não chateá-lo.
Eu NÃO acho que devemos convidar TODO mundo que conhecemos e gostamos pro nosso casamento. Se você quer e pode, a prerrogativa é sua de convidar ou não. Mas eu convido você a ver as coisas por outro lado. Eu defendo uma perspectiva mais íntima do que é casar. Claro que você quer declarar seu amor perante Deus e os homens. Mas quem estipulou que precisa ser tanta gente? É pra declarar seu amor perante Deus e os homens, não TODOS os homens que você conhece! Casar é algo muito especial, é cerimônia, é celebração e é comunhão. Eu ficaria muito feliz se as pessoas começassem a enxergar o casamento menos como “o evento/boca livre/balada do ano” e mais como este rito de passagem especial que ele é. Se as pessoas realmente entendessem a delicadeza de um momento desse, não forçariam tanto a barra, nem fariam bico por não serem convidadas. Se o costume fosse dos casamentos serem somente cerimônias, sem festa, quero ver quantos auto-convites pipocariam por aí.
Eu comecei a pensar dessa forma quando uns amigos queridos casaram. Eles eram chegados, então quando foram levar o convite lá em casa, conversamos muito sobre como estava sendo a preparação pro casório. Se você está noiva, sabe que casar, além de especial, é CARO. E foi isso que essa noiva amiga minha colocou pra mim quando eu perguntei. Ela disse que geralmente as pessoas não fazem idéia de como todo e qualquer detalhe de um casamento custa um dinheiro que, muitas vezes, se luta muito pra pagar. Tudo é caro e, quanto mais gente, mais dinheiro. Não importa se você vai fazer um simples bolo & champagne, algum dinheiro você vai ter que jogar na mesa. É uma insensibilidade muito grande dos convidados não se colocarem no lugar dos noivos (ou familiares dos noivos, no caso de você ter a facilidade de ter familiares pra bancar o casório) e não respeitarem o direito deles de ter a opção de fazer algo bom e de bom gosto para menos pessoas, do que ter que fazer algo “mais ou menos” pra uma multidão.
Sim, casar é muito especial e não merece passar em branco. Eu concordo. Mas é muito injusto ter que convidar pessoas por pura culpa de deixá-las chateadas. Depois disso eu comecei a me policiar pra nunca deixar uma noiva ou noivo desconfortáveis com o fato de não quererem ou não poderem me convidar pro seu casamento, independente de sermos íntimos, parentes ou não. Isso não deveria afetar o relacionamento de ninguém. Eles não estão me excluindo da vida delas, e é isso que precisamos entender. Sem falar que eu posso contar nos dedos as pessoas que participam de verdade do nosso relacionamento. As pessoas que nos dão verdadeiro apoio são menos ainda.
Não convidar alguém pro casamento não significa não gostar ou considerar essa pessoa! Assim como convidar também não significa que você é mais importante pros noivos! Às vezes você tem que convidar certas pessoas por conta de laços sanguíneos, mas não significa que elas são mais importantes que outras. As pessoas aqui no Brasil costumam fazer um estardalhaço muito grande por conta desse tema e muito freqüentemente acusam os noivos de insensibilidade quando são eles que acabam sendo os mais insensíveis da história. Com o perdão do desabafo, mas o auto-convite, juntamente com toda a elaboração da lista de convidados, os convites por obrigação e similares, são um verdadeiro tormento pra uma noiva. O tipo de coisa que faz você entender porque tanta gente prefere continuar com o estado civil inalterado.